Texto da Marina Torres...
Parkour é você ficar 6 meses sem dar um salto e quando
volta, seu corpo não tem a mesma força, mas não esqueceu como se movimentar;
É você reencontrar sua amiga e descobrir que ela está um
pouquinho mais bruta (se é que isso ainda era possível), e ficar orgulhosa por
isso;
É querer ver toda a galera antiga reunida;
É você ir ao mesmo pico pela milésima vez e enxergar um
percurso novo;
É você chorar porque não consegue climbar;
É fazer uma festa do pijama com as traceuses programando
comer, ver filme e conversar até tarde, mas acabam comendo igual ogras, vendo
B13, treinando no quintal e fazendo treino físico na madrugada;
É você sair de casa com a mínima vontade de treinar, chegar
no pico e sair pulando tudo;
É você sair de casa super inspirada, chegar no pico e não
ter vontade de fazer nada;
É ter aquele amigo nordestino retardado que passa aqueles
treinos físicos retardados e você faz o treino todo amaldiçoando o momento que
você decidiu começá-lo;
É passar horas, dias, meses e anos lutando pra fazer um
planche decente, filmá-lo e publicar pra deus e o mundo saberem;
É ter aquela amiga de pernas compridas que faz a sua
precisão de 9 pés em uma passada;
É você limpar a sola do tênis, bufar, limpar a mão na calça,
bater o pé, gritar, olhar pro céu, encarar o muro, descer, subir, dar um
passinho pra trás, dar um passinho pra frente, agachar, encarar o muro de novo,
se jogar... e repetir esse ritual até conseguir mandar a maldita precisão
cravada;
É abusar do iniciante pra encher as garrafas de água;
É abusar do cara na padaria pra encher as trinta garrafas de
água;
É se inspirar no flow alheio;
É querer ser mais forte, sempre;
É você, de vez em quando, cair de bunda, bater/ralar a
canela ou o joelho, quebrar a unha, se sujar, suar e calejar a mão;
É você tirar força até do útero pra conseguir dar aquela
última impulsão;
Équerer desistir e chegar alguém iluminado pra te dar aquele
empurrãozinho;
É estar aberto a críticas, elogios e conselhos e crescer com
isso;
É receber (ou dar) uma dica que faz você voar;
É lembrar e usar o que aprendeu naquela viagem, naquele
encontro, com aquelas pessoas;
É comemorar ao conseguir aquele cat altíssimo e longe aos
berros;
É falar “Filma aí que eu vou fazer”, e realmente conseguir
fazer pelos poderes da câmera;
É parar um minutinho pra ouvir os ensinamentos do mendigo bêbado
que fica no meio do pico;
É parar outro minutinho pra por as fofocas em dia;
É não querer parar de treinar, mas não consegue nem levantar
a perna de tanto cansaço;
É achar que não dá mais, levantar e ainda conseguir fazer o
que tentou o dia todo;
É saber que amanhã não vou conseguir andar e me sentir
realizada, orgulhosa e super feliz;
É saber que daqui 6 meses posso voltar de novo e me sentir
parte disso como se nunca tivesse me afastado.
Esse texto foi escrito inspirado no que vi em mim e nas outras pessoas no treino de hoje e todos os outros desde que conheci o parkour. Espero que todo mundo se identifique com alguma coisa, se divirta, e aumente essa lista! Bom parkour pra todas!
Esse texto foi escrito inspirado no que vi em mim e nas outras pessoas no treino de hoje e todos os outros desde que conheci o parkour. Espero que todo mundo se identifique com alguma coisa, se divirta, e aumente essa lista! Bom parkour pra todas!