Lá vou eu tomar vergonha na cara para finalmente postar esse texto só no dia internacional da mulher. Um mês após o evento. Tenho falado com a Caruh que o encontro significa tanta coisa que a auto crítica vem com vontade e tudo que escrevo acho que não está a altura.
Quem acompanha parkour sabe que um dos encontros mais tradicionais é o feminino quase tão certo quanto o verão em que ele é realizado. Com o adote uma traceuse, enorme ou modesto sempre tem o encontro nacional feminino. E com a pandemia só pôde ocorrer em fevereiro de 2022. Nunca passamos tanto tempo sem nos vermos.
Das raridades e com o talento da Caruh Góes, essa edição foi premiada com um edital do estado do Espírito Santo, tendo camisetas, alojamento e alimentação. O primeiro ponto a pensar nos eventos organizados pela Caruh é colocar os mesmos em editais, pois possibilita que o estado conheça a atividade e forneça um mínimo de estrutura para a realização. Quem já organizou encontros de parkour sabe o tanto de fios brancos para conseguir alojamento, e o que sai do bolso para fornecer água., ou um lanche simples. Valorizem e ajudem as/os organizadoras/es dos encontros de verdade, pois dá muito trabalho.
Cidade quente e ao mesmo tempo fresca, repleta de espaços para treinar. Não era novidade isso para mim, pois já conhecia de outros carnavais. Ou melhor, outros encontros. Como sempre a tradição do adote uma traceuse foi mantida, então observa bem a lindeza do registro do Matias do tanto de mulheres nessa edição. Das pequenas que serão o futuro dos encontros às veteranas que se organizavam para fazer os vídeos anuais.
Ao contrário do que muitas vezes acusaram o encontro feminino, este nunca foi excludente. Aqui os rapazes são bem vindos, porém precisam sempre entender que a programação foi pensada para as mulheres. Falando em programação, as oficinas foram incríveis. Lembro que a Caruh disse meses antes do encontro, que queria que mulheres vissem e estivessem com outras mulheres que fazem trabalhos misturando seus afazeres profissionais com o parkour.
De certo modo, o mundo conheceu o parkour por conta de imagens que circularam pelas redes sociais e plataformas de vídeos. Ter uma oficina de fotos que faz com que pensemos no melhor registro dos treinos de traceuses e traceurs, ajudará também com que mais gente veja nas redes e se interesse em conhecer o parkour.
Atualmente eu estudo dança, e há outras mulheres que também trabalham com dança, como Mariane de Uberlândia, Tata de Crato, e Agnes de Sampa. E todas elas trouxeram um pouco da sua pesquisa para o encontro. Há algo que fale mais do fluir que a dança? Talvez só a água. Mari do Rio nos trouxe um pouco da sua pesquisa de parkour e ludicidade. E provando que todos participam, JJ trouxe um pouco do treino Hell night no alojamento do encontro. Graciane que nos aguarde no próximo carnaval.
Reza a lenda que no Brasil tudo acaba em pizza. E Vitória acabou mesmo em açaí, cerveja e praia. E para quem também nasceu numa ilha (que nem eu), ser brindada de ouvir o mar foi ótimo.
Agradeço à Caruh, ao Rair (não fez mais que a obrigação de marido já que me roubou a Caruh), e a todas e todos que toparam se encontrar, e treinar juntas e juntos depois desses dois anos de pandemia. Cuidem-se para nos encontrarmos no próximo ano.