Ana Luiza Stramandinoli

By Carolinne Goes - 01:51

Nome: Ana Luiza Stramandinoli (AnaLu)

Cidade: Sorocaba; São Paulo

Idade: fiz 23 dia 11 de abril




Há quanto tempo você treina? Treino há 3 anos, me dedico ao Parkour há 2 anos e dou aulas há 1 ano.

O que o parkour significa para você?
Superação, determinação, valores, educação, cuidado, e principalmente amor pelo que faço! Trabalho com o que eu amo e se tiver um cidadão infeliz que queria atrapalhar, já aviso! Chega aí e vem ser feliz fazendo algo que presta =P


Quais foram os seus maiores desafios quando você começou a treinar parkour?
Força física, mas principalmente o preconceito por ser mulher (bailarininha) treinando um esporte bruto de marginal.



Fale 'um pouco' sobre você
Eu iniciei meus treinos no dia 19 de abril de 2009. Tudo começou quando o grupo de Sorocaba precisava de uma 'coreografia' de Parkour para uma apresentação, já que buscavam divulgar mais o Parkour na cidade. Um dos praticantes me procurou e eu comecei a ensaiar com eles (dai descobri que coreografar tracer é muuuuito difíciilll). Para poder montar a coreografia eu precisava saber mais sobre os movimentos e a filosofia para passar algo verdadeiro. Em meio a essa pequena pesquisa comecei a treinar com eles, nessa eu me apaixonei! Era treino o dia inteiro! De segunda a segunda, sábado, domingos e feriados. Eu realmente estava fascinada na capacidade que aqueles meninos tinham, tanto físico como mental, como podia perceber nas conversas. Eram garotos diferentes dos comuns. O que mais me encantava era a segurança que passavam não só pra mim e não apenas em relação ao Parkour, mas em quesito de serem pessoas confiáveis! (coisa que acho muito fera no Parkour!)
Logo me tornei coordenadora do grupo Legião Le Parkour e depois criamos o grupo Parkour Sorocaba, o qual também era coordenadora. Fizemos diversos eventos e encontros e meu interesse era que eles aprendessem a falar sem gíria, a saber se expressar e saber colocar suas idéias no papel, fizemos varias reuniões e nelas as dinâmicas... É claro que não deu certo! Hahahha. Logo cada um começou a tomar seu rumo por conta de faculdade e trabalho e o grupo começou a se desfazer.
Entre 2009 e 2010, conversando com algumas traceuses, resolvemos fazer o 1º Encontro de Parkour Feminino em São Paulo, que é aquele da camiseta preta com a traceuse saltando o salto. Foi muitoooo bommm!!! Lá conhecemos a Sandra Klages da Alemanha e começamos a trocar idéias sobre o Parkour feminino no mundo, foi aí que surgiu a idéia de criar uma camiseta do Parkour Feminino do Brasil, assim ela levou para a Alemanha e a idéia cresceu em representar o Parkour Feminino em todo o Brasil com uma camiseta padrão!
Mas voltando ao interesse no Parkour, como eu já estava cursando Educação Física e estava muito interessada em conhecer a história do Parkour, resolvi mudar meu Trabalho de Conclusão de Curso de dança, fazendo o TCC: Uma Proposta do Parkour para a Educação Física, mostrando a visão do Parkour e defendendo a importância de ser estudado pela Educação Física lembrando da necessidade de ser praticante para atuar como instrutor.
Mas esse TCC não foi muito fácil não. Não tinha apoio dos praticantes locais, muitos professores não aceitavam e havia pouquíssimos artigos científicos, posso dizer que quase nenhum. Nessa busca conversei com várias pessoas de todos os cantos do mundo, dentre elas o pessoal da PKABC, GT, ABPK, OMNIS, (não vou citar nomes do pessoal do Brasil porque foram muuuitoss e é muito fail deixar de citar alguém!) além de Parkour Generation, e consegui tirar algumas dúvidas com Kazuma, Daniel Ilabaca, Oleg Vorslav, Pip Andersen, Dan Edwards, Shi Ong, Gema Cabanillas... só não falei com o David Belle porque ele não tinha facebook hahaha. Aprendi um pouco de Espanhol, Inglês, Francês, e tirei meu diploma de "Fluente em Google Tradutor".
Um dia antes da entrega do TCC eu resolvi mostrar para um dos meus professores, que eu lembro até agora do ar de deboche ao folhear dizendo "AHaha! Isso não vai ser aceito! Olha só! Não tem nenhuma referência de livro sobre Parkour! Pode esquecer!", naquele dia eu voltei pra casa quase chorando. Tentei ligar para tudo que era tracer, do Nordeste, São Paulo, Florianópolis, para ver se alguém sabia sobre algum livro de Parkour, foi assim que consegui mais material e consegui fazer o que faltava no trabalho. Pra minha felicidade, uma semana depois chega de presente direto do autor o livro "Parkour & Freerunning - Dan Edwards". No próximo semestre escrevi com um amigo um artigo falando sobre O Parkour, O mito da Caverna de Platão e o Educador Físico.
A entrega desses trabalhos foi um grande feito pra mim e apresentá-los foi uma realização! E não posso deixar de citar um dia que foi muito tocante. Eu estava sozinha na sala de aula escrevendo projetos, no finalzinho do ultimo ano de Ed. Física e um professor sentou na minha frente e disse “Ana, vi algumas reportagens suas, vi seu trabalho e eu acho que devo desculpas a você, quando você fez seu TCC eu não falei nada, apenas deixei que fizesse, mas não acreditava nele. E você conseguiu mostrar que existem coisas novas que merecem respeito e que o profissional de Ed. Física precisa abrir a mente, estudar e ir atrás!” , cara alguém aqui tem noção do que é um professor falar isso? Foi tocante!
Nesse meio tempo entre a entrega do TCC e as reportagens, vendo que não tinha muito apoio para treinar, entre eles dos meus irmãos, pais, amigos, colegas, enfim, comecei a desanimar. Muita gente dizia que o Parkour era coisa de marginal, que aquilo não ia dar certo, que não dá para viver disso. Teve gente que criticou para o bem, mas teve gente que não economizou palavras. E assim um belo dia cheguei à minha casa e falei "Vou parar de treinar Parkour!" Minha mãe olhou bem pra minha cara e falou "VOCÊ FAZ O QUE VOCÊ QUISER DA SUA VIDA, MAS, SE FOR PRA VOCÊ OUVIR PESSOAS QUE NÃO TEM NADA A VER COM VOCÊ, NÃO SABEM O QUE VOCÊ PASSOU PARA CHEGAR ATÉ AQUI! NÃO SABEM O VALOR DO PARKOUR! MAS, É VOCÊ QUEM DECIDE! O PARKOUR MUDOU VOCÊ, TE ENSINOU A ESTUDAR MAIS, A CORRER ATRÁS DOS SEUS OBJETIVOS, A NÃO DESISTIR, A SER MAIS FORTE E ACREDITAR EM VOCÊ, FOI POR ELE QUE VOCÊ DEU A CARA A TAPA PARA PREFEITURA, PATROCINADORES, PESSOAS IMPORTANTES! E AGORA VOCÊ VAI PARAR? NÃO SEJA FRACA!".. Bom, depois dessa alguém ainda tem coragem de parar de treinar??? Isso foi pior que um monte de soco! Foi pra acordar mesmo! E assim sentei na frente do computador e voltei a escrever, projeto atrás de projeto, planos de aula, formas de treino, leitura atrás leitura, ideias que não paravam mais!
Nisso, apenas um praticante continuou comigo na batalha, assim criamos o projeto Parkour Território Jovem em parceria com a Secretaria de Juventude de Sorocaba que nos recebeu muito bem e passou a nos ajudar com tudo o que precisávamos! Fomos com a ideia de usar o Parkour para atrair jovens e por meio dele ensinar valores como respeito, disciplina, responsabilidade, cuidado, além dos treinos físicos e mentais. Porém, depois de mais ou menos 10 meses ele, que era meu braço direito e quem eu mais confiava e me dava força, saiu do projeto. Um pouco antes eu tinha medo, muito medo de levar tudo sozinha, afinal uma mulher levando uma atividade vista como de marginal, bruta e masculina... aí foi hora de levantar a cabeça novamente e estudar ainda mais, entrar em contato com tracers e traceuses para saber cada vez mais como passar os treinos!! Foi ai que conheci a força do Parkour! A força de mudar as pessoas! De mostrar as pessoas habilidades que elas mesmas nem sabiam que existiam! De fazer pessoas revoltadas ou sedentárias se tornarem praticantes com objetivo na vida! Pessoas que agora sonham e buscam! Aprendi muito com isso! E isso não é fazendo referência apenas a mim, mas também vendo as mudanças nos alunos. Atualmente não tenho apenas jovens em um projeto, tenho alunos que fazem a diferença onde quer que vão, porque respeitam e ensinam a respeitar! São altruístas, e tenho certeza que são fortes para ser úteis! Duvida? Pergunta pra eles! Ou melhor, vem treinar com a gente um dia =D



Voltando aos treinos, vendo a dificuldade das meninas se manterem nos treinos mistos, uma vez que tem dificuldade em treinar junto aos meninos, como acompanhar as flexões e o treino físico em geral, ou em cair sem querer na frente de muita gente e ficar envergonhada, iniciei as aulas/treino de Parkour Feminino no Território Jovem Ipiranga. Lá dou mais atenção no treino tendo foco no que as alunas mais precisam. Até que elas tomem iniciativa de freqüentar os treinos mistos.
Tá acabando!!!!
Então, comecei a fazer eventos, estudar cada vez mais, manter mais contatos, me interessei em viajar ainda mais e conheci pessoas maravilhosasssssssssssssssss! Meus pais, meus irmãos, meus amigos e graças a Deus mais pessoas me apóiam, me ajudam, e me dão forças! Apareceram pessoas incríveissssssssss que tão sempre do meu lado me ajudando!!! Ah, e deixando claro que sempre em paralelo esteve a dança!
Hoje sou formada em Educação Física com muito amor e orgulho, sou professora de dança, dançarina e modelo de fotos de dança no meio urbano (União da dança e do Parkour), e nos projetos de Parkour conto com a ajuda de 3 amigos praticantes e 1 amigo fisioterapeuta para levar todo este trabalho para mais e mais pessoas, com segurança, levando não só o Parkour, mas também a educação e os valores que conseguimos através dele!
Bom, esse é um pouquinho da minha trajetória no Parkour!
Obrigada para quem leu até aqui =)









Bom, deixa eu aproveitar aqui e agradecer a oportunidade! Sou muitooo fã do blog, sou muito fã de tudo vem a acrescentar ao Parkour! Muito obrigada pela chance e Parabéns pelo trabalho de vocês! Admiro muito! Sucesso =D

Vejam o video da Ana: http://youtu.be/pOIP-sI_0fI

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5 comentários

  1. Eu já tinha lido antes da publicação. Achei a sua história muito bonita. =]

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  2. Parabéns. História de luta e garra. Prova que o Parkour não só molda nosso corpo como condiciona nossa mente e não desistir dos obstáculos.

    Continue fazendo seu trabalho.

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  3. é isso ai prima, mais uma prova para quem pensa que tudo cai do céu...nada é fácil, continue "pulando" os obstáculos que Deus reserva o sucesso com certeza!

    E o nome Stramandinoli é foda rsrs

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  4. Oi!
    Estamos pesquisando sobre Parkour no Brasil e acabamos encontrando sua história.
    Muito inspiradora! Fez a gente entender o quão difícil foi a você - e provavelmente ainda é - trabalhar nesse meio tão pouco apoiado aqui.

    Curti mesmo. Espero que ainda esteja firme.

    Ah! Só um toque que as imagens estão com os links quebrados!

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  5. Uma história emocionante, comovente e inspiradora!!! Espero que continue levando esse esporte e a sua história, conscientizando as pessoas e acreditando em você, apesar das dificuldades que não devem ser poucas. Eu e mais duas amigas estamos fazendo um trabalho de faculdade do curso de design em que precisamos fazer uma revista, desde o conteúdo até a parte visual e estamos querendo abordar como tema da primeira edição o parkour no Brasil! Gostaríamos muito de levar a sua história para mais pessoas e de conversar com você e conhecê-la pessoalmente se fosse possível. O problema talvez seja a distância pois moramos na capital em SP.
    Qualquer coisa o meu e-mail é nnaomisato@gmail.com

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