Publicado por Ana Luiza - Sorocaba - SP
Que traceur ou traceuse nunca viu um corrimão maravilhoso do lado de outro e pensou em pular? Mesmo com dificuldade vai treinando, treinando, treinando, dias vão passando até que consegue a tal façanha! Alguns treinos depois, aquilo vai ficando fácil, você tenta outras maneiras de chegar até ele, seja fazendo um 360º ou chegando com um pé só, o corrimão começa a bambear, mas não desiste! Afinal tem que aprender a amortecer melhor, controlar seu peso, sua força, seu impacto até que... PIMBA! Um dos encaixes do corrimão escapa! E você pensa... “Ah! Não da mais para treinar aqui!” E sai em busca de um corrimão novo.
Ta! Mas e ai? Como fica esse corrimão quebrado? Sabemos que um corrimão é um ótimo obstáculo, mas ainda não deixa de ser um corrimão.
É certo que a agressão ao meio ambiente é um problema que vem se agravando muito. Cada irresponsabilidade do homem prejudica a flora, a fauna, e também o meio urbano. Mesmo que este não perceba a sua agressão ao meio.
Pensa-se em melhorar cada vez mais o treino e suas condições, mas não é pensado em conservar o local que esta sendo usado. É possível ver pessoas que acham que o espaço é apenas dele, e no caso do Parkour, alguns de querer utilizar tudo como obstáculos, mas esquecem que corrimão é corrimão e é usado como tal pelas pessoas que precisam se apoiar. Muro é muro e é usado para separar locais, além de ser pintado de forma a deixar o lugar com uma aparência agradável. Cada coisa tem sua função e deve ser utilizada por todos.
Além disso, é necessário frisar a situação em relação a locais privados. Com o fato dos treinos serem na rua e muita gente ter a possibilidade de assistir. Muitas pessoas, principalmente crianças e adolescentes resolvem praticar no primeiro lugar que encontram como: escolas, clubes, casas, entre outros. Sujam muros e quebram o espaço que não é deles. Convém ainda lembrar que treinar em propriedade privada sem autorização é invasão e isso causa uma imagem terrível dos praticantes do Parkour para os donos desses lugares, vulgarizando e marginalizando a atividade.
Por outro lado, praças e parques abertos, centros esportivos entre outros locais públicos são ótimos lugares para se treinar! Têm corrimão, muros, pedras, entre outras coisas que podem ser utilizados. Mas é preciso ficar atento, pois com o peso corporal e o mínimo do impacto é natural que esses meios se desgastem e quebrem, e de nada adianta procurar a própria prefeitura, afinal eles não irão consertar, principalmente se o praticante tentar explicar o porquê de estar quebrado e para que será usado.
Outra variável é a iniciativa de grupos que consertam o material usado no treino, soldando corrimões, apertando parafusos e lavando a parede que sujaram. Alguns entram em contato com a prefeitura através de abaixo assinado dando motivos reais como, por exemplo, a utilização de espaços abandonados, impedindo a permanência de pessoas com maus vícios, e, por conseguinte, pedindo para que reformem o local.
Assim, tomar mais cuidado e ter mais responsabilidade no treino tendo em conta o local utilizado são o mínimo que um traceur ou traceuse deve ter. Prestar atenção para não sujar ou quebrar, além de ter muito mais atenção para não vulgarizar e marginalizar a própria atividade. É preciso sempre dar orientações para quem está começando para não utilizar locais privados, conversar com as crianças para que participem de treinos orientados, nunca tentando praticar sozinhas e conscientizando para que conservem o local de treino como se fosse sua casa.
Cada praticante deve entender essa responsabilidade, e ter a consciência de que é um usuário desses locais, é um propagador de idéias e é também um orientador. Alguém que esta sendo observado por outros que tentarão fazer igual, e deve se manter firme em suas decisões e reações, principalmente na escolha do local de treino, ou no momento em que acontecer o inesperado estando sempre atualizado, estudando, e pensando no bem coletivo, afinal há muito mais pessoas para utilizar os espaços públicos. Se cada grupo se manifestar e fizer sua parte, além de um ambiente limpo e saudável, todos ganharão um crédito a mais com a população!
4 comentários
A Ana tratou de algo muito importante nesse texto: a conservação dos locais de treino. Eu vivo dizendo isso! Às vezes chego a ser muito chata com isso! Temos de pensar que não somos os únicos a utilizar as praças. E sem contar que se um quebra, um grupo inteiro paga.
ResponderExcluirÉ necessario que todo tracer tenha essa conciencia. Ja nao basta a fama negativa q o parkour tem, tantas pessoas lutam pra mudar isso, mas se um quebrar uma propriedade publica (mesmo que seja uma que ninguem notava ou utilizava) entao todos os outros praticantes vao ficar marcados como alguem que quebrou aquele local...
ResponderExcluirVery important points, Ana. Parkour is a way of life as much as a training discipline, and as such how we treat our environment, other people and so on, is central to good practice I think. Respect for all.
ResponderExcluirExcelente texto e excelentes idéias! Todo traceur/traceuse deveria ter a mesma forma de pensar quanto à preservação dos locais de treino e à marginalização (ainda que às vezes "sem querer") da prática.
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