Afinidade

By Tatiana Maria - 11:30

Foto: Morgana


Dia desses tive uma conversa com o JJ sobre a formação de grupos no parkour. Uma coisa que percebi desde  que concluí os trabalhos sobre parkour como um fenômeno de tribalização é a de que os grupos tornaram-se cada vez menores.

Não há nada de mais nisso! Boa parte das espécies vive em grupos como um meio de sobreviver. No caso das pessoas, estas se unem por terem valores e/ou ideais semelhantes. Porém, os problemas ocorrem quando há divergências e/ou falta de entendimento no discurso do outro (grupo ou pessoa).

O ser humano tem uma necessidade absurda de conviver em grupo para qualquer coisa. Aliás, boa parte da evolução do homem e do surgimento das cidades se deu por conta disso. Só que o ser humano é muito competitivo, e dificilmente quem prega a liberdade a vive realmente. Quase sempre este tenta marcar seu território, e rechaça aqueles que pensam diferente ou estão em uma outra fase de vida.

Quase sempre escuto muitos dizerem que o parkour seria uma grande família, no que eu tenho as minhas dúvidas. São poucos os grupos que sinto que são famílias (e os nordestinos nos dão um banho nisso). Canso de ouvir comentários sobre determinados grupos, e eu não consigo ver isso como uma boa coisa. O problema que algumas desavenças, em vários casos sem muitas razões para existir, acabam influenciando a opinião e o comportamento de outras pessoas. As desavenças não são resolvidas e acaba que quem não conhece o outro lado (a opinião do oposto) cria uma implicância desnecessária.

Em outros casos vejo coisas se perderem pela falta de união. Me pergunto se no Rio as pessoas fossem mais unidas se teriam perdido mesmo a área dos Castelinhos. Ou se escutaria alguns praticantes reclamando dos problemas com polícia ou guarda municipal. Será que conseguiríamos alternativas melhores para alguns problemas? Será que projetos mais interessantes surgiriam além do apenas olhar o próprio umbigo?

Alguns batem no peito para dizer que são diferentes da sociedade. Porém, todos nós vivemos na sociedade. E sabe, eu sinto falta em alguns de ideais para transformar em algo melhor os que nos são próximos. A impressão que esses me passam é a de que querem ser apenas diferentes, como adolescentes que se rebelam à postura adotada pelos pais. Falta um querer e um pensar para a vida inteira.

Já vi tantos ataques quando citam parkour como esporte (no sentido de negar a competição), mas vi principalmente de alguns que fazem questão de comparar o treino de cada um, com a intenção de tentar se convencer de que a sua forma de treinar ou a sua evolução é a melhor. E estes raramente eu vejo passando o conhecimento que têm a diante.

E, assim, os amigos (os que quero levar para a vida inteira) que eu fiz no parkour não me conquistaram pelos vídeos que estes lançaram, mas pelo caráter e vontade de transformar algo.

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